O último tudo

É muito interessante essa sensação de “o último tudo”. Com a nossa ida cada dia mais próxima, me vejo sempre pensando que “essa será, provavelmente, a última vez que irei fazer isso”.

Família e Amigos

Muitas vezes encontro com um amigo e me pego pensando “será que essa é a última vez que nos veremos pessoalmente?”.

Já há bastante tempo eu estava numa vibe de aproveitar toda e qualquer oportunidade de estar com amigos e família. Mesmo que seja algo que eu não curta fazer mesmo. Vamos beber na quarta-feira? Vamos! Vamos num show de uma banda cover do Foo Fighters? Vamos! (detesto foo fighters hahaha)

“There are a million ways we should’ve died before today, and a million ways we can die before tomorrow. But we fight, for every second we get to spend with each other. Whether it’s two minutes or two days, we don’t give that up. I don’t want to give that up.”

Comida

Não preciso nem dizer que a dieta foi pro espaço, né? Todos os restaurantes que a gente gosta têm sido muito frequentados . Risottos, sanduíches, rabada da minha mãe (deu água na boca só de pensar hahaha), feijoada, e aquela moqueca capixaba de despedida que vai ter que rolar.

Talvez a comida será o que eu mais sentirei falta. Como um bom gordo nerd que gosta muito de comer e cozinhar, sei que a comida no Brasil é uma das melhores do mundo. Tem como reproduzir no Canadá a grande maioria das coisas que tem aqui? Tem, mas não é bem a mesma coisa. Só o clima diferente já muda o sabor de determinados temperos, sem contar os que simplesmente não se encontra por lá.

Mas tudo bem, já descobri que consigo comprar pão de queijo. Minha ansiedade diminuiu uns 30% depois de descobrir isso (juro que não sou mineiro!).

Joey doesn't share food!

 

Vitorinha

Nasci e cresci aqui na roça. Diferente da Rey que veio pra cá já depois de velha, eu to aqui desde sempre. Estou aqui há tanto tempo que nem me perco mais em jardim da penha.

Bem vindo a Jardim da Penha

Vi esta cidade mudar ao longo dos anos. Ainda passo por alguns lugares e vejo minha escola de quando era criança e tenho lembranças das coisas que aconteceram lá. A feirinha de rua de Jardim da Penha onde todo sábado de manhã eu ia comer meu pão de carne .
Quando vou ao centro vejo os vários prédios que lá estão e as memórias que tive neles. O trabalho da minha mãe, aquele restaurantezinho que fica onde no passado foi uma senzala e que serve uma feijoada espetacular.

Todas essas memórias da cidade são coisas que não teremos no Canadá. Será tudo novo. Não teremos um momento onde passaremos por uma rua, olhar pra um prédio e pensar “ahhh era aqui que eu estudava quando era criança”.

Por outro lado, faremos memórias novas. Memórias fresquinhas. Daqui a 5, 10 anos iremos passar por uma rua e pensar “olha! Foi aqui que alugamos o nosso AirBnB quando chegamos pela primeira vez! Lembra aquele perrengue que passamos carregando as malas?” e acho que isso será muito legal! Estou, realmente, mega empolgado para construir todas essas memórias fresquinhas e ver uma outra cidade mudando ao longo dos anos assim como vi Vitorinha.

O último show

Certamente uma das coisas mais difíceis será o show de despedida da minha banda.

Foram 12 anos juntos. 12 anos construindo uma carreira, trabalhando, compondo, marcando shows, brigando, gravando, tocando, viajando, reclamando do ronco do Renato, tocando e ficando sem receber até hoje, e por aí vai.

12 anos de histórias e experiências que vou levar comigo para sempre. 12 anos de piadas ruins na estrada e dirigindo 12, 14 horas até chegar no lugar do show. 12 anos se hospedando nos hotéis mais vagabundos possíveis, dormindo em 5 pessoas num quarto pra uma pessoa. Se eu começar a contar as histórias não termino esse post nunca.

O último show está marcado e eu acho que vou chorar muito hahahaha.

Final thoughts

A sensação de uma vida ser dividida entre pré-Canadá e pós-Canadá é muito estranha. O sentimento de “o último tudo” é muito complicado de explicar. Já até me peguei pensando que semana passada foi a última vez que fomos ao supermercado, ou no último detergente que comprei.

Imagino que nossa vida será marcada para sempre com essa mudança. Sempre lembraremos de tudo o que aconteceu e que culminou neste momento, mas agora é a hora de tocar o barco: ter novas experiências, passar novos perrengues, e se re-inventar com tudo novo.

Thanks, Leia ;(

Comments

7 respostas para “O último tudo”

  1. Texto emocionante!!! <3

    1. Ownnn Obrigado!! <3

    2. <3 Ohnnn não é Lais?! Esse meu marido arrasa!!! hehehe Quando ele quer, ele fala cada coisa que me faz chorar. 🙂

  2. Adorei o texto! É bem verdade.
    Mas isso é imigrar, deixar velhas memorias e fazer novas! Parece assustador no inicio, mas voces vao perceber que é algo muito gostoso de se fazer! Cada nova descoberta, cada curiosidade, até hoje (6 meses depois) ainda me surpreendo com Toronto! Não queria falar nada na, mas aqui em TO voces encontram facil mercadinhos que vendem guarana, farofa, paçoca, pão de queijo… Alguns restaurantes tambem! Cuidado com as frutas, uma vez vi uma manga linda no mercado e quando comi parecia que estava mordendo agua com traços de alguma coisa kkkkk (postei no nosso instagram caso queiram visitar xD @vainevar) Tem que saber escolher as frutas certas! Demora, mas a gente aprende. Voces vão adorar! Venham de coração e mente aberta e vai dar tudo certo! Beijo, casal nerd 🙂

    1. Oi Tatah! Que bom ver você de volta aqui.

      Esperamos que em Vancouver encontremos as coisas gostosas do Brasil com facilidade também. Já estamos te seguindo no insta do casal nerd. Você já está seguindo a gente também? Assim vai descobrir mais fácil se tem as coisas delícias lá em Vancouver hehehe. Pra gente já deu tudo certo! Tudo só requer tempo.

      Abraços e muiiiito obrigada pelo carinho. <3
      Rey

  3. Adorei o texto, a perspectiva dos “últimos” por aqui… No momento me identifico com este trecho: “Já há bastante tempo eu estava numa vibe de aproveitar toda e qualquer oportunidade de estar com amigos e família. Mesmo que seja algo que eu não curta fazer mesmo.” hahaha

    Aqui podemos até não ter muitas posses, mas com certeza temos muitas memórias… Mesmo que a gente não tenha nascido e crescido num só lugar, temos fragmentos e raízes que podem ter se espalhado por várias regiões do país… Mas o transplante está em progresso! ^^

    1. Isso aí Flavio! A verdade é bem essa mesmo.

      Obrigada por compartilhar 🙂

      Abraços,
      Rey

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